quinta-feira, 11 de junho de 2015

Comédias dominam programação do Festival Varilux


Filmes franceses serão exibidos até o dia 17 em quatros cinemas pernambucanos



Gemma Arterton e Fabrice Luchini em cena de Gemma Bovery
Mares Filmes/Divulgação


Durante muitos anos sinônimo de cinema-cabeça, principalmente em virtude do movimento Nouvelle Vague (anos 1960), a produção francesa tomou o rumo da diversidade na última década. Com cerca de 260 longas-metragens realizados por ano, a França é o segundo mercado cinematográfico do Ocidente. Atualmente, um gênero se sobrepõe aos dramas autorais: as comédias, que tanto no país europeu quanto no Brasil, vivem em lua de mel com o público.

Não é por outro motivo que 12 dos 16 filmes que compõem o Festival Varilux 2015 pertençam ao gênero cômico. A partir de hoje, o pernambucano terá acesso total aos filmes da mostra, que funciona como uma espécie de avant-première da programação que chegará aos cinemas nos próximos meses. Em crescimento acelerado, o festival será visto em 50 cidades brasileiras, atingindo 80 salas de exibição. O Cinema da Fundação e o Moviemax Rosa e Silva, no Recife; o Cinépolis Guararapes, em Jaboatão; e o Cine Planet, em Caruaru, no Agreste, exibem os filmes do Varilux até o dia 17.

Vários longas que se destacaram na bilheteria francesa em 2014/2015 estão na programação. Um deles é Samba, uma comédia romântica, com uma leve tintura social, que conta as agruras de um imigrante senegalês clandestino em sua luta para conseguir trabalhar e viver na França. O filme traz no elenco o ator Omar Sy, famoso depois do sucesso de Os intocáveis, que levou mais de um milhão de brasileiros aos cinemas em 2012. Assinado pela mesma dupla de Os intocáveis, os cineastas Eric Toledano e Olivier Nakache, Samba ainda tem no elenco Charlotte Gainsbourg e Tahar Rahim, que interpreta um malandro que se diz brasileiro. Por isso, a trilha sonora do filme tem canções de Gilberto Gil e Jorge BenJor. O título Samba não se refere ao ritmo musical brasileiro, mas ao nome do personagem interpretado por Omar Sy.

Entre as comédias, vale destacar também O que as mulheres querem, de Audrey Dana. Também atriz, Audrey reuniu um grande time para mostrar o complexo, incompreensível, louco e maravilhoso universo feminino, a partir da vida de 11 mulheres. A cineasta convidou divas como Isabelle Adjani, Vanessa Paradis e Laetitia Casta para atuar em personagens inusitados. Apesar de um tanto excessivo, O que as mulheres querem é diversão inteligente e provocante.

Outro filme que vai alimentar muita discussão é Beijei uma garota, da dupla Noémie Saglio e Maxime Govare. Trata-se também de uma comédia sobre um rapaz gay, prestes a se casar, que passa a noite com uma mulher e perde as referências homossexuais. Pio Marmaï, visto recentemente no longa Um pátio de Paris, é Jéremie. Aos 34 anos, dono de uma instituto de pesquisa com um colega, ele namora o cirurgião Antoine (Lannick Gautry) há 10 anos. Mas ele não contava com o furacão sueco Adna (Adrianna Gradziel), com quem acorda uma noite e se apaixona. Leve e sincero, o filme não se apega em clichês e traz para o debate uma questão pouco considerada na luta entre os gêneros.

Talvez o melhor filme da mostra, a comédia dramática Gemma Bovery – A vida imita a arte, de Anne Fontaine, faz uma interessante ponte entre o mundo do cinema e da literatura. Inspirada no clássico Emma Bovary, de Flaubert, o filme conta a história da inglesa Gemma Bovery (Gemma Arterton), que se muda com o marido, Charles (Jason Flemyng) para o interior da França, mas não suporta o tédio do casamento. A história, adaptada de uma graphic novel de Posy Simmonds, tem com narrador o padeiro Martin (Fabrice Luchini), um parisiense que também fugiu da vida numa grande cidade.

O público infantil terá vez com a animação 3D Asterix e o domínio dos deuses, de Louis Clichy e Alexandre Astier. Politizado, o filme mostra como o imperador romano Júlio César, sem sucesso para conquistar os gauleses, tenta impressioná-los de outra maneira e controi o Domínio dos Deuses ao redor da vila. Asterix e Obelix, porém, não estão dispostos a cooperar. Para quem gosta dos clássicos, a única opção é O homem do Rio, uma comédia com Jean-Paul Belmondo e Françoise Dorléac (irmã de Catherine Deneuve, morta em 1967).

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